Nutrição na Amamentação

Tal como durante a gravidez, no período de lactação a mãe deve ter alguns cuidados, nomeadamente, a nível nutricional, de forma a garantir que é possível uma alimentação adequada para o bebé através da amamentação (que pode ser exclusiva até aos 6 meses de idade). Este processo é importante, pois o leite materno tem a composição ideal para a alimentação do bebé, em termos de proteínas, hidratos de carbono, gordura, vitaminas, minerais e água, garantindo que as necessidade de desenvolvimento e crescimento do bebé são satifeitas.

Para além da elevada adequação nutricional do leite materno para o bebé, o aleitamento materno apresenta diversas vantagens…

para o bebé

  • fornece o alimento ideal, mais barato e seguro, que pode ser exclusivo até aos 6 meses;

  • previne o aparecimento de infeções gastrointestinais (diarreias), respiratórias (pneumonias e bronquialites) e urinárias;

  • protege de algumas alergias;

  • fornece maior proteção contra vírus e bactérias;

  • melhor adaptação do bebé ao apetite e sede;

  • previne o aparecimento futuro, na criança, de diabetes, linfomas, obesidade, doença de Chron, colite ulcerosa e doença celíaca;

  • permite um melhor desenvolvimento da visão;

  • menor propensão para cárie dentária, melhor desenvolvimento das mandíbulas, dos dentes e da fala;

  • facilita a digestão e o funcionamento do intestino.

para a mãe

  • prático, sem necessidade de preparação, aquecimento e desinfeção;

  • promove a recuperação mais rápida do corpo pós-parto;

  • associa-se a uma menor probabilidade de desenvolvimento de cancro da mama, cancro do ovário, osteoporose, doenças cardíacas, diabetes e artrite reumatóide;

  • aumenta a confiança da mãe e a sensação de bem-estar;

  • cria uma maior ligação emocional com o bebé, o que garante uma maior estabilidade da criança.

ALIMENTAÇÃO DA MÃE

O periodo de lactação é bastante exigente para a mãe, a diversos níveis, incluindo do ponto de vista nutricional, no qual esta deve garantir que faz uma alimentação variada, completa e equilibrada. Ao longo do dia a mãe deve fazer cerca de 6 a 7 refeições, garantindo que não fica mais de 3h a 3h30 sem comer e que, quando come, o faz calmamente.

NECESSIDADE ENERGÉTICAS

Durante a lactação, as necessidades energéticas da mulher estão aumentadas, considerando-se que, em relação às 2000kcal diárias recomendadas (valor que pode variar consideravelmente), deve haver um aumento de 330kcal nos primeiros 6 meses e de 400kcal nos 6 meses de lactação seguintes. Mulheres com excesso de peso ou obesidade podem não necessitar deste aumento de energia, uma vez que as reservas de gorduras acumuladas na gravidez podem fornecer cerca de 100 a 150 kcal, nos primeiros meses de lactação. Posteriormente, se a mãe pretender a amamentação exclusiva, deve aumentar o aporto calórico da sua alimentação.

As mulheres saudáveis que estão a amamentar, por norma perdem cerca de 0,45kg/semana, em simultâneo com a produção de leite suficiente para o bebé. De forma a garantir que nem a produção e/ou qualidade do leite nem a saúde da mãe fica comprometida, é aconselhável que durante este período o consumo energético diário nao seja inferior a 1800kcal, não fazendo restrições energéticas drásticas para alcançarem o peso desejado rapidamente.

MACRONUTRIENTES

Hidratos de Carbono

As necessidades deste macronutriente, que representa a nossa maior fonte de energia alimentar, estão aumentadas durante a lactação. Recomenda-se uma ingestão diária de cerca de 210g de hidratos de carbono (necessidades maiores do que na gravidez), sobretudo de hidratos de carbono complexos como os cereais integrais (aveia, centeio, trigo, milho, arroz, …) e seus derivados (pão escuro, massa integral, …), os tubérculos (batata-doce, batata, inhame, mandioca, …), as leguminosas frescas e secas (ervilhas, favas, lentilhas, feijão, grão, soja, …).

Proteínas

De forma semelhante ao que acontece na gravidez, as necessidades diárias de proteínas são preenchidas pelo consumo de cerga de 71g deste macronutriente, dividindo este valor pela ingestão de proteínas de origem animal (como o peixe, carne, ovo e produtos lácteos) e proteínas vegetais, nomeadamente, através das leguminosas.

Gorduras

A quantidade e o tipo de gordura ingerida pela mãe reflete-se diretamente na composição do leite materno. Como tal, apesar das recomendações variarem de acordo com as necessidades energéticas da mãe, esta deve garantir um aporte suficiente em ácidos gordos essenciais como o ácido linoleíco (cerca de 13g/dia), que se encontra sobretudo nos óleos vegetais, como óleo de girassol, nos frutos secos e sementes, e o ácido linolénico (cerca de 1,3g/dia), que é um precursor de ácidos gordos ómega-3, e está sobretudo presente em vegetais de folha escura, como os espinafres e os brócolos. Ambos têm extrema importância no desenvolvimento do bebé.

MICRONUTRIENTES

O conteúdo em cálcio e vitamina D no leite materno está dependente do consumo da mãe nestes nutrientes. Se não houver défice dos mesmos (as necessidades nas lactantes são iguais às da mulher grávida e não grávida), não haverá necessidade de suplementação.

Em relação ao iodo, a sua proporção varia no leite de acordo com a ingestão que a mãe faz e, uma vez que as necessidades durante este período (290µg/dia) são ainda mais elevadas do que durante a gestação, recomenda-se uma ingestão de peixe suficiente para ajudar a alcançar os valores adequados.

O zinco é um micronutriente que desempenha diversas funções em processos biológicos, como a síntese de proteínas, o metabolismo energético e do ADN, sendo ainda necessário para o processo de divisão e diferenciação celular e para o bom funcionamento do sistema imunitário. O consumo de alimentos que são boas fontes deste nutriente, como carne, peixe, leguminosas, produtos lácteos e cereais, deve ser tido em consideração.

HIDRATAÇÃO

A hidratação é fundamental em qualquer fase da vida, sendo que no período de amamentação a demanda por água torna-se maior. A ingestão de água deve corresponder a pelo menos dois litros, garantindo que há formação de leite numa concentração adequada e prevenindo a desidrataçãoda mãe.

ALIMENTOS A EVITAR

Há alguns alimentos que a mãe, durante a amamentação deve evitar, nomeadamente alimentos açucarados, salgados ou com muita gordura, pois são prejudiciais para a saúde e interferem na produção do leite. Para além disso, não deve haver ingestão de bebidas com álcool nem bebidas com cafeína. Os alimentos que causem alergias ao pai ou à mãe devem também ser evitados, pois podem provocar alergia no bebé. Alguns exemplo de alimentos que mais frequentemente causam alergias são o leite e os derivados, o trigo, certos frutos, como morango, kiwi, laranja, tangerina, o milho, os frutos gordos (nozes, avelãs, amendoins, amêndoas) e os mariscos.

No seguinte esquema estão apresentados alguns alimentos cuja ingestão por parte da mãeo pode causar determinadas reacções nos bebés

Alimentos

Reações

Brócolos, couves, couve-flor, couve de bruxelas, repolho, pimentos, pepino, nabo

Podem alterar o sabor do leite e causar formação de gases e irritação do bebé

Cebola, alho-francês, alho seco

Podem alterar o sabor do leite; os bebés podem não gostar do sabor que dão ao leite (estar atento às suas reações)

Leite e derviados (iogurtes, queijo, requeijão, manteiga)

Podem causar reações alérgicas no bebé, sobretudo se houver história familiar de alergia a estes alimentos; sintomas – diarreia, irriações da pele, desconforto, gases, tosse

Chocolate

Pode causar alergia, irritabilidade e aumentar os movimentos intestinais do bebé

Citrinos (laranja, toranja, limão, tangerina), morangos, kiwi

Pode causar reações alérgicas sobretudo se houver história familiar de alergia a algum destes aliementos; sintomas – diarreia, iritações da pele, desconforto, gases, tosse

Leguminosas (favas, grão, ervilhas, feijões, …)

Pode causar alergia, irritabilidade e aumentar os gases intestinais no bebé

Documento elaborado com base nas recomendações da Associação Portuguesa de Nutricionistas

Sofia Dinis

Nutricionista

O meu Peso

Tel: 213 880 351