Dietas detox… sempre uma nova a surgir. São várias mas alegam todas o mesmo: desintoxicar o organismo! Uma vez ouvi alguém dizer “Mas quem é que vos disse que precisavam de ser desintoxicados?” Eis, para mim, o ponto chave de toda esta moda que, de científica, diga-se de passagem, tem muito pouca sustentação.
No que consistem?
São várias as dietas disponíveis: algumas estão relacionadas com o jejum ou ingestão de líquidos apenas. Outras permitem alimentos sólidos, mas apenas frutas e vegetais. Por norma têm em comum o facto de serem aplicadas num curto espaço temporal (não seria possível de outra forma!). Na sua maioria, são de baixo valor calórico e pobres em nutrientes (pois são muito restritivas), podendo levar a alguns efeitos colaterais, como sensação de fraqueza e fadiga, hipoglicémia, dores musculares, tonturas e náuseas. Para além disto, e naturalmente pelos efeitos que provocam, não são compatíveis com a prática de exercício físico. Ainda estão assim tão interessados?
Resultam mesmo?
Depende do objetivo! Se este for a perda de peso, perdem peso com certeza. Se estamos a falar de massa gorda… nesse caso já não. Há realmente perda de líquidos e pode inclusive haver depleção muscular. Consequentemente há perda de peso, que pode ser mais ou menos significativa. Mas é uma perda de peso que nada tem a ver com emagrecimento e que é muito facilmente reversível.
No entanto, se o objetivo é desintoxicar talvez o melhor é ir por outro caminho. O nosso organismo (muito inteligente e eficaz), tem uma excelente capacidade de remover, através de mecanismos internos de desintoxicação (levados a cabo pelo fígado, rins, pulmões, sistema linfático e intestinos), as toxinas às quais diariamente estamos expostos.
É certo que a sobrecarga destes órgãos é cada vez maior, pela maior exposição não só a toxinas do ar e da água, mas também a componentes dos alimentos processados (corantes, conservantes, etc.), os adubos químicos e pesticidas, e, em muitos casos, os próprios constituintes de embalagens de produtos alimentares (como o alumínio).
Será que as dietas detox serão então a solução?
Pelas características das mesmas e através dos estudos até agora levados a cabo para avaliar a sua eficácia neste campo, parece que não existe uma associação benéfica comprovada. A sua carência em energia e nutrientes, pode até colocar em risco a saúde. E quanto à desintoxicação do fígado (que parece ser um dos principais focos destas dietas), não há estudos que revelem a capacidade das dietas detox a este nível.
Não será então preferível adotar um estilo de vida saudável e minimizar a intoxicação do organismo. Parece-me mais interessante do que procurar soluções para um problema que pode ser facilmente evitável. Voltamos à questão de sempre, comer de forma “limpa”: mais frutas e vegetais (preferencialmente isentos de químicos), cereais integrais, carnes magras, gorduras insaturadas, limitar a ingestão de alimentos processados, etc.
Parece o “vira o disco e toca o mesmo”. Mas com tantas vantagens, porquê complicar?